sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Literatura Infanto-Juvenil


Em nossas aulas de Literatura Infanto-Juvenil estamos aprendendo muito, não só como alunos aprendendo o conteúdo, mas com uma formação muito mais ampla, mudando nossos conceitos de trabalho e de comprometimento e responsabilidade com o que estamos estudando, e até mesmo com o que estamos cursando.
Esse trabalho teve um "gosto" maior ao ser realizado, acredito que não somente para mim, pois foi algo que ainda não tínhamos feito e que nos deixou um pouco confusas. Mas ao final percebemos que não era nenhum "bicho de sete cabeças" e o concluímos com sucesso.

Uma análise de poesia infantil

Em "Uma análise de poesia infantil", no livro Estudo de literatura infantil: teoria e prática, os autores destacam a importância da poesia no desenvolvimento da criança, citando desde a "hipótese da linguagem do homem primitivo"(p.51) até autores que como "Cecília Meireles e Vinicius de Moraes foram os dois primeiros poetas a produzirem uma poesia especificamente para crianças"(p.52).
No início do texto, os autores apresentam a hipótese do homem primitivo, até mesmo pela falta de nome "para tudo que lhes era apresentado pelo mundo", o novo, então se supõem que se utilizavam aproximações, sendo assim utilizavam "uma característica essencial da poesia: o uso da linguagem metafórica e metonímica"(p.51).
Existe uma grande facilidade das crianças com relação à poesia, pois demonstram isso ao "lidar com cantigas ou mesmo com segmentos rimados"(p.51).
A poesia hoje parte para algo experimentalista, "a arte literária desfruta da liberdade de criação, o que não é característica apenas de nossos dias. A poesia sempre foi livre, mesmo quando, aparentemente, subordinada a regras estreitas de versificação"(p.52). A liberdade é algo imprescindível na poesia, pois mesmo quando devem seguir algum padrão, é preciso imaginar e "voar" em seus pensamentos para que haja uma criação.
Houve muitas mudanças na poesia para crianças, pois antes acriança e a infância até eram temas de poesia, mas não foco para uma poesia, não tinham como leitor. Até que Cecília Meireles e Vinicius de Moraes começaram a produzir poesia focando a criança. "Antes deles, o que havia era o aproveitamento de temas de infância, brinquedos infantis, sem configurar propriamente uma produção para criança. Cecília Meireles, Vinicius de Moraes, Henriqueta Lisboa, Mário Quintana, Sidônio Muralha, João Paulo Paes, Ângela Lago, entre outros, escreveram poesia destinada à infância, dano à linguagem um trabalho inovador, sem, contudo, romper totalmente com a linguagem discursiva, e conferindo á palavra um efeito mágico através da imagem"(p.52).
É claro que a poesia tem um ensinamento, mas o objetivo principal de um autor(um poeta) não é esse, mesmo que haja uma ideologia onde essa poesia é fundada. A poesia demonstra seus ensinamentos através do lúdico e com uma linguagem fácil para que a criança entenda, mas falando sobre assuntos sérios. A criança gosta e se interessa pela poesia pelo simples fato de sentir, gosta porque gosta, sem razão lógica aparente, pode gostar pela sonoridade, pelo assunto, pela linguagem ou pela imagem. A criança tem uma forma de ver e entender o mundo que é toda especial, diferentemente dos adultos, e o que os autores que trabalhem com poesia voltado para criança devem saber é a forma que elas percebem esse mundo. "O grande mérito de Cecília Meireles e Vinicius de Moraes é exatamente o de perceberem que a apreensão do universo pela criança é diferente daquela feita pelo adulto" (p.53).
Para a criança é muito importante a questão do concreto, da visualização, então é preciso tornar a imagem para parte fundamental da estruturação de um poema. Tudo o que envolve esse poema é de extrema importância para que a criança seja cativada, estimulada e não se desinteresse põe essa arte. E para isso é preciso alguns passos, essa criança precisa saber o sentido dessa poesia, é preciso que quem lê para ela saiba dar a intonação certa( seguindo a musicalidade), com pausas e paradas de acordo com o sentido, dando importância ao valor semântico, assim a criança se encantará e facilmente se tornará um leitor.
O poema não deve ser algo que fique vago, ela deverá ter algum sentido, que pode ir do prazer ao surgimento de alguma discussão paralela que é iniciada através desse poema, assim o aluno saberá refletir para além de poema. É preciso que o poema sugira algo para a criança, e o professor deve optar por cada poema de acordo com a situação, para que se possa dar continuidade e construir conhecimentos deversificados com a criança.
Mas infelizmente, ainda ocorre o preconceito por parte dos professores para trabalhar com a poesia em sala de aula. "[...] parte do princípio segundo o qual a poesia é mais difícil e, portanto, menos própria para a infância"(p.51), e não a utilizam como deveria ser, como estímulo e como "ponto de partida para uma discussão paralela, desde que o aluno saiba que a reflexão está sendo feita para além do poema"(p.57-58).
"A natureza infantil com sua brincadeiras, preferências e estados de alma, o ambiente brasileiro acolhedor e campestre, a fugacidade do tempo, a relatividade das coisas, a musicalidade, os jogos sonoros e o ludismo são explorados sob diversos ângulos na lírica ceciliana"(p.56).
"Glória Pondé lembra, entretanto, que não é a suposta simplicidade destes dois poetas um valor em si, porque há muitos autores simples que nada produziram de significativo - o que importa é chegar à criança e ao seu mundo, conhecendo sua realidade"(p.62).

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